Os Imortais

Somos todos mortais, sujeitos às mesmas leis, sejam as dos homens, sejam as da natureza. Somos? Deveríamos ser. Alguns parecem desafiar essas leis, parecem serem deuses, imortais, e acima das mazelas dos comuns. É o que se deduz agora com o escândalo dos chamados "cartões corporativos do governo federal" ou, em bom português, aqueles em que o titular pode gastar "por conta da viúva".

Os titulares desses maravilhosos cartões estão espalhados pelo primeiro escalão do governo federal, uma espécie de benécie do cargo, uma autorização para gastar sem necessitar prestar contas. Pior de tudo, 70% dos gastos, que atingiram o estratosférico valor de 45 milhões de reais no ano passado, se referem a retiradas em dinheiro vivo - "cash". O que foi feito com esse dinheiro? Ninguém sabe, ninguém viu..

Apesar do que diz nosso presidente, de que "não existe filho de mulher mais honesto do eu", a verdade é que ninguém pode se arvorar estar acima das leis, acima da fiscalização. Como requerer esse aval de honestidade plena, de estar acima de qualquer suspeita? Desculpe-me, sr presidente, o meu aval vossa excelência e nem ninguém do vosso governo tem. Vale a lei para todos: e vale a máxima de quem não deve, não teme.