Aparente contradição

Tenho escrito que esse fenômeno da violência no Brasil não é aceitável sob qualquer hipótese que seja considerado. Nossos números de casos refletem o descaso com que a segurança é tratada no país, e ponto. E tenho reafirmado essa posição por ver que há uma posição que insiste em afirmar que a situação não é real, mas fruto de uma deformação produzida pela mídia.

Gostaria que esses solucionadores dos nossos problemas pela negação da existência, procurassem justificar como a mídia pode ser responsabilizada pelos 50.000 homicídios anuais ocorridos no país. Ou então pelo milhão de vítimas desde que foi promulgada a malfadada "constituição cidadã" de 1988 e que instituiu a impunidade criminal no país, em termos práticos.

Mas é preciso separar o joio do trigo. Existem crimes que não podem ser evitados. Se a maioria pode ser evitada, seja pela educação da população, pela diminuição dos problemas sociais, pela ação efetiva do patrulhamento, ou desencorajada, pela ação rápida e efetiva da justiça na punição dos atos delituosos, alguns crimes são imprevisíveis.

E me refiro aos crimes passionais, ao crimes em que o autor age sem o domínio da razão, aos atos tresloucados. Para esses crimes, os quais muitas vezes são usados como exemplo da ocorrência de crimes nos outros países, não há remédio ou solução possível. Mães que tiram a vida de filhos menores, franco-atiradores, crimes praticados por "serial-killers" e outros.

Mas a verdade é que os crimes que fazem com que as nossas estatísticas da criminalidade andem "bombando" no mundo não são esses, mas os crimes comuns do dia-a-dia, assaltos, roubos, estupros e outros. Para esses falta ação e vontade, inclusive da população, eis que parece que todos aceitam a matança como dóceis cordeirinhos a caminho do matadouro.